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O projeto de pesquisa e extensão “FAZENDO COMUNS: a educação como projeto intra- e co-geracional”, vinculado ao Núcleo de Estudos da Infância, Adolescência e Juventude (NIAJ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro coordenada pela Professora Lucia Rabello de Castro, apresenta este site que inauguramos oficialmente com a publicação desse primeiro Editorial, como a interface de comunicação e diálogo com a sociedade. Com ele, pretendemos trazer a público uma vertente importante deste projeto de pesquisa cujos resultados vêm acumulando um relevante conjunto de evidências sobre a demanda das crianças – estudantes de escolas públicas do município do Rio de Janeiro – sobre a importância do recreio escolar. “Vamos falar do recreio!” é o mote do site em que convidamos todas as pessoas interessadas a participarem da discussão pública sobre uma questão que atinge, basicamente, as crianças, mas que deve concernir a todos e todas, sensibilizados e atraídos pela justeza e legitimidade de pautas políticas insurgentes. Como as crianças são consideradas sujeitos pré-políticos na nossa sociedade – incapazes de se autorepresentar como cidadãos e sem gozar de seus direitos políticos plenos – parece fundamental que suas reivindicações possam ser também sustentadas por grupos que agem em sua defesa (‘advocacy groups’) tais como, pesquisadores da infância, profissionais de várias áreas que lidam com a infância, pais, professoras e outros. Além disso, nos parece fundamental, acompanhando a discussão trazida por Spyrou (2021) que, como pesquisadores da infância, possamos tornar nosso objeto de investigação um campo de discussão pública para que o conhecimento científico gerado tenha impacto social.
Fazer esta pergunta é preciso. Talvez porque a política, ainda que considerada cada vez mais com desconfiança ou desprezo, resume essencialmente os desafios invariantes da convivência coletiva: a diferença entre pessoas e a busca por igualdade. 1 Crianças e adultos são sujeitos humanos diferentes, não por força de uma natureza que essencializa a diferença entre eles, mas cujas relações expressam diferenciais culturais, sociais e econômicos no acesso ao usufruto dos bens humanos. Embora crianças compartilhem com adultos, tanto ou mais, as adversidades da miséria, das guerras, do racismo, das violências e das discriminações compete aos adultos a decisão sobre as bonanças da paz e das riquezas que asseguram sempre aos que já têm poder, o melhor quinhão. O mundo construído e decidido pelos adultos reproduz os privilégios e as narrativas que mantêm a suposta superioridade deles em relação às crianças, e essas excluídas da participação sobre os destinos mais igualitários e justos da sociedade. Assim, a discussão sobre crianças e política visa desnaturalizar a suposta incompatibilidade da criança com a política, e a repulsa de torná-la parte da comunidade política. 2